sábado, 16 de fevereiro de 2008

Consciente da vida de inconsciente viver

"... a razão é a razão, e não satisfaz se não a faculdade do raciocínio do homem, enquanto o desejo e a expressão da totalidade da vida, isto é, da vida humana inteira, inclusive a razão e seus escrúpulos; e se bem que nossa vida, tal como se exprime assim, revista freqüentemente de um aspecto muito velhaco, nem por isso é menos vida, e não a extração de raiz quadarada.
Assim comigo, por exemplo: quero viver, naturalmente, a fim de satisfazer minha faculdade de existênica em sua totalidade e não satisfazer unicamente a minha faculdade de raciocínio, que não representa, em suma, senão a vigésima parte das forças que estão em mim. Que sabe a razão? A razão não sabe senão o que aprendeu (ela não saberá nunca outra coisa, provavelmente, e , embora isso não seja uma consolação, não devemos dissimular), ao passo que a natureza humana age com todo o seu peso, por assim dizer, com tudo o que ela contém em si, consciente e inconscientemente; acontece-lhe cometer disparates, mas vive." - Fiodor Dostoiévski em "Memórias do Subsolo"

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