segunda-feira, 9 de abril de 2007

Meu livro

Parte I

Finalmente estava tudo pronto para a viagem.

Sabia que não voltaria e por isso era necessário que não me esquecesse de nada. O apartamento estava todo fechado e com aspecto de "bem organizado", algo que a muito deixara de perceber. É interessante pensar que por um instante, ao parar diante da porta e voltar levemente com a cabeça para o lado, tive vontade de quebrar cada peça da mobília, atear fogo às cortinas, desarrumar tudo que por conveniência encontrava-se aparentemente em seu lugar. Não foi o que fiz. Fechei os olhos, suspirei fundo e saí.

O elevador descendo, um leve ajuste na alça da mala que carregava no ombro, um aceno com a cabeça para o porteiro e em seguida... as ruas.

Ventava bastante, o movimento de carros e pessoas crescia, se aproximava as 19 horas. Caminhava lentamente em direção à rodoviária. A cidade àquela hora era tomada por uma rotina de camelôs recolhendo barracas, gritos anunciando mais um veículo de transporte alternativo, intermináveis filas para os coletivos, e muitas vezes o odor de urina em uma esquina ou outra, misturando-se ao de frituras nas lanchonetes.

Observava o passo apressado de mulheres deixando o trabalho. Desconfiadas, agarradas as suas bolsas. O que estariam sentindo naquele momento? O que lhes passava pela cabeça? Medo? Aguardava o sinal fechar.

Enquanto atravessava a Praça da Rodoviária notei que essa tensão nas grandes cidades nunca me chamará atenção. Talvez somente quando Morgana foi assaltada.

Já na rodoviária, dirigi-me ao guichê mais próximo da plataforma B ou C. Que importância isso tinha? Pedi uma passagem para o mesmo destino que o senhor à minha frente havia comprado, em qualquer poltrona. Paguei e apenas perguntei qual era o horário da viagem, enquanto guardava a passagem no bolso da minha jaqueta. Faltavam ainda alguns minutos antes da partida, mas resolvi descer e aguardar o ônibus na plataforma de embarque. O movimento era pequeno e fora isso, nada mais chamou minha atenção.

Sentia-me indiferente a tudo. Estava abandonando minha família, minha casa, meu emprego, minha vida naquele lugar. Não, ia mais além. Abandonava toda a vida que levava, todas as minhas concepções, queria abandonar tudo. Morgana. Mas eu não entendia se verdadeiramente aquilo tudo algum dia, de alguma forma havia me pertencido. Não seria eu propriedade de minha vida? Isso me cansava mais do que qualquer outra coisa. Havia pensado muito sobre isso e já podia deixar essa questão de lado, não era mais esta "a questão". Para mim não mais.

O ônibus estacionara e poucas pessoas embarcaram. Além de mim e o senhor que comprara passagem antes de mim: uma jovem freira, uma mulher acompanhada de uma criança, provavelmente sua filha e um casal de jovens. Ninguém se sentou ao meu lado, como esperara. O casal de jovens foi para fundos, a mulher e a criança sentaram-se uma poltrona para frente e à direita da minha, no meio do ônibus. A freira, duas ou três poltronas atrás de mim e o senhor, que tossira algumas vezes após entrar no ônibus, no segundo par de poltronas.

Saímos com o céu já pontilhado por estrelas. Estava um pouco cansado e buscava alguma música no rádio para distrair-me. Ilusão... Àquela hora já estava por demais mergulhado em mim mesmo e nadava em direção ao fundo.

sexta-feira, 6 de abril de 2007

A música vai me acompanhar por toda a vida... e além.


DEAD AGAIN

Recém lançado (13/03) Valeu a espera! >:)

1. Dead Again
2. Tripping A Blind Man
3. The Profits Of Doom
4. September Sun
5. Halloween In Heaven (with Tara Vanflower of Lycia)
6. These Three Things
7. She Burned Me Down
8. Some Stupid Tomorrow
9. An Ode To Locksmiths
10. Hail And Farewell To Britain


*Mais informações: TYPE O NEGATIVE