sábado, 22 de outubro de 2011

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Ouça


O que é preciso ouvir?
E se não entender?
Importar-se ou não?

Não se importar com o que se precisa,
ou simplesmente se entender?

Falei.
O quê?

sábado, 8 de outubro de 2011

Em silêncio

Em tempo


De tempos que vivi e sonhei
Não mais esperei.

De tempos idos que não ficaram,
Foram... demais!

De tempos em tempos... esse tormento.
Esse alento que me sobressalta.

De tempo perdido... não;
Dê tempo... ao tempo... que passa...

De tempo... momento;
Passado, presente e futuro.

De tempo certo, incerto...
Instante no tempo.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Educação filosófica

Quando temos verdadeiros amigos, ignoramos o que é verdadeiramente a solidão, mesmo que tivéssemos o mundo contra nós. Infelizmente percebo, contudo, que realmente se ignora o que é ver a solidão crescendo em torno de alguém. Em toda parte onde houver sociedades, autoridades, religiões, opiniões públicas poderosas, em resumo, em toda parte onde houver uma tirania, ela perseguiu com ódio o filósofo solitário, pois, a filosofia oferece ao homem um asilo onde nenhuma tirania pode penetrar, o foro íntimo, o labirinto do coração, e é isso o que indispõe os tiranos. É o refugio dos solitários, mas é ali também que o maior dos perigos os espia. Esses homens que abrigaram sua liberdade no fundo de si mesmos, são obrigados também a ter uma vida exterior, a se mostrar, a se deixar ver, pelo fato de seu nascimento, de seu domicílio, de sua educação, de sua pátria, do acaso, da indiscrição dos outros, eles se vêem empenhados em numerosas relações humanas; a eles é conferida toda espécie de opiniões, pelo simples fato de que são as opiniões reinantes; toda expressão fisionômica que não for negativa passa como aprovação; todo gesto que não destrói nada é interpretado como adesão. Sabem muito bem, esses solitários de espírito livre, que parecem constantemente, de uma maneira ou de outra, aquilo que realmente não são; quando nada pretendem senão ser verdadeiros e sinceros, em torno deles é tecida uma rede de mal-entendidos; a despeito de seu violento desejo, sentem pesar e sobre seus atos um vapor de opiniões falsas, de acomodações, de meias concessões, de silêncios complacentes, de interpretações errôneas. É isso que acumula sobre sua fronte, uma nuvem de melancolia, pois, semelhantes naturezas odeiam mais que a morte a necessidade de fingir. E essa amargura prolongada os torna vulcânicos e perigosos. De tempos em tempos se vingam de sua dissimulação involuntária, da reserva que lhes é imposta. Saem de sua caverna com semblantes assustadores, suas palavras e seus atos são então outras tantas explosões e acontece que chegam a parecer terem sido eles próprios. Foi assim que Shopenhauer viveu, perigosamente. Esses solitários são precisamente os que mais têm necessidade de afeto, de companheiros com os quais possam mostrar francos e simples com para consigo mesmos e cuja presença ponha fim ao aeroporto doloroso que lhes causam o silêncio e a dissimulação. Tirem-lhes esses companheiros e irão aumentar o perigo que os ameaça. Heinrich von Kleist morreu por falta dessa amizade e envolvê-los em si próprios é o mais terrível tópico a ser aplicado à homens de exceção, pois, cada vez mais que se soltam verifica-se uma erupção vulcânica. Mas vemos sempre reaparecer algum semideus que suporta viver e viver como vencedor nessas condições assustadoras. E se quiserem ouvir os cantos da solidão, escutem a música de Beethoven." – do livro Nietzche – Shopenhauer Educador